Um egresso do outro lado do mundo
Conheça a trajetória do Dr. Vinícius Rosa, egresso do curso de Odontologia da UPF
Quando ingressou na Faculdade de Odontologia da Universidade de Passo Fundo (FO/UPF), no ano 2000, Vinícius Rosa ainda não imaginava que iria consolidar sua carreira profissional longe da rotina dos consultórios, tampouco que iria fazê-lo muito longe de casa. A escolha pelo curso foi motivada pelo interesse nos trabalhos práticos que o irmão, Luciano Rosa, então acadêmico do quinto semestre de Odontologia, desenvolvia. Mas foi a iniciação científica que incentivou Rosa a dedicar-se à área da pesquisa.
“Já no terceiro ano de faculdade eu percebia que não levava muito jeito para ‘ser dentista’ e então mergulhei de cabeça para construir um currículo que me tornasse competitivo para entrar em um curso de mestrado em uma renomada universidade, como a Universidade de São Paulo (USP)”, enfatiza. A estratégia deu certo: a realização do doutorado, também pela USP, oportunizou ao pesquisador a vivência no exterior. “Durante o doutorado, morei nos Estados Unidos para desenvolver minha tese sobre regeneração pulpar com células tronco e isso despertou meu interesse em sair do Brasil para trabalhar no exterior”, conta.
Atualmente, Rosa atua como professor pesquisador na Faculdade de Odontologia da Universidade Nacional de Cingapura (NUS), que se destaca como a 22ª melhor universidade do mundo. “Trabalho com desenvolvimento de filmes ultrafinos de carbono ou outros materiais bidimensionais avançados para aumentar a diferenciação de células tronco em osteoblastos e neurônios”, explica. A oportunidade surgiu de um interesse mútuo: dele, de seguir uma carreira exclusiva de pesquisador, e da NUS, em contar com um professor que pudesse desenvolver uma linha de pesquisa na interface materiais/células e tecidos.
A escolha por aquela universidade não foi feita ao acaso. “A NUS tem três mil alunos de doutorado pagos e publicou 8.200 artigos em peer review journals em 2014, é um ambiente muito positivo para o desenvolvimento de um pesquisador”, justifica. Cingapura tem 5,2 milhões de habitantes e duas universidades entre as melhores do mundo (a Universidade Tecnológica de Nanyang - NTU figura na 39ª posição). “É um país que respira pesquisa e desenvolvimento e essas posições geram um ambiente propício para a ciência, para a descoberta e para a colaboração”, explica o pesquisador.
Desenvolvendo seu trabalho entre a pesquisa e a docência, o professor não esquece o papel desempenhado pela Universidade de Passo Fundo na sua carreira e ressalta a importância da sua formação. “Foi na UPF que me formei cirurgião-dentista e essa é a profissão que vou levar comigo. Mesmo trabalhando hoje como pesquisador de materiais avançados e células tronco, mantenho o foco no fato de que sou um pesquisador de odontologia e meu trabalho tem que ser útil à minha profissão”, ressalta.
Além de ter concluído sua graduação na UPF, o pesquisador também esteve na Instituição como docente de graduação e do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGOdonto), experiência que ele destaca como uma das mais marcantes entre as vividas na Universidade. “Como aluno, participei do Diretório Acadêmico, do Diretório Central de Estudantes, fui membro da Câmara de Extensão e do Conselho Universitário. Procurei sempre me envolver no máximo de atividades que a UPF oferecia. Mas sem dúvida o momento mais marcante foi voltar como docente, trabalhar com aqueles que foram meus professores e poder contribuir com o crescimento da Instituição”.
Rosa esteve na UPF em junho deste ano, quando, a convite do PPGOdonto, ministrou uma palestra para estudantes de graduação, mestrandos e egressos. Aos acadêmicos que sonham em seguir sua trajetória profissional, atuando na área da pesquisa no exterior, ele ressalta que o caminho é possível, mas que é preciso estar preparado e sair da zona de conforto. “A competição por vagas e recursos é ferrenha. Trabalhar no exterior como pesquisador é viável, mas exige diferenciação e desconforto. Como tantos outros mercados, o mercado da pesquisa também está saturado e, por isso, é necessário se reinventar para a realidade de pesquisa fora do Brasil”, finaliza.